Aprendizado para Empresas

terça, 26 de julho de 2016

O QUE AS FALHAS DAS OLIMPÍADAS PODEM ENSINAR AO SEU NEGÓCIO?

Já existem alguns insights que podemos auferir sobre o “negócio” Olimpíadas, e que reflete diretamente em aprendizados para que um empresário, de qualquer porte, fique atento na sua operação

  

Falar dos resultados dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, antes deles começarem, pode ser um exercício de futurologia completo: não temos como, há poucos dias da cerimônia de abertura, apontar qual será a performance dos nossos atletas, ainda que se espere algo muito aquém do que China e Inglaterra fizeram em Pequim e Londres, respectivamente.

Mas já existem alguns insights que podemos auferir sobre o “negócio” Olimpíadas, e que reflete diretamente em aprendizados para que um empresário de qualquer porte fique atento na sua operação.

Um estudo recente, da Universidade de Oxford, trouxe à tona que o orçamento dos jogos foi acrescido em 51%, no pior momento da economia brasileira nos últimos 20 anos.

Essa é apenas a faceta mais visível de uma série de erros, que muitos empreendedores cometem no dia-a-dia, mas que em um evento de escala global toma proporções recordes.

 

FALTA DE PLANEJAMENTO

Sabe-se, em estudos do Sebrae, que a maior parte das quebras de empresas no país se dá no âmbito do planejamento, seja ele estratégico, pessoal ou financeiro.

O brasileiro não tem o hábito de se planejar para o médio e longo prazo, reflexo tanto de uma falta de disciplina cultural, quanto do histórico de oscilações econômicas.

Isso não deveria ser visto no evento mais importante da história do país, mas aconteceu.

Ainda que o acréscimo de 51% seja inferior aos jogos de inverno em Sochi, na Rússia (289%), ou mesmo os 76% de Londres em 2012, fica o ponto de atenção que a economia de ambos os países vivia momento muito mais confortável que a recessão de dois anos que assola o Brasil.

Resultado: tanto o governo local não suportou e pediu Calamidade Pública, quanto faltou força e interesse da iniciativa privada em apoiar e subsidiar os Jogos. O último, por falta de contrapartidas governamentais que fossem atraentes.

APRENDIZADOS PARA AS EMPRESAS: sempre destine um tempo a um dos ativos mais importantes da sua organização, que é o desenvolvimento da sua estratégia.

Mercados e economia sempre oscilam. Portanto, é fundamental ter tanto o controle dos resultados da sua empresa, quanto a plena percepção dos rumos que o negócio pode levar.

Quem se movimenta mais rápido e de forma mais enxuta, tende a aproveitar mais os momentos bons e se precaver aos momentos ruins.

Tenha um plano de negócios à mão e o revise a cada 90 ou 180 dias.

 

FALTA DE EXECUÇÃO

Planejamento não é nada sem execução, até porque o segundo gera aprendizados para melhorar o primeiro.

Só que a partir do momento em que há falhas ou negligência ao desenvolver uma estratégia, dificilmente haverá uma execução primorosa ou que aproveite o pleno potencial da empresa e do mercado.

Poucas cidades no mundo possuem os atributos que o Rio de Janeiro tem: a fusão entre natureza, cultura e vida urbana transforma a cidade em uma das mais atraentes do mundo.

Porém, o planejamento falho para o desenvolvimento das Olimpíadas trará como “legado” uma execução muito aquém do visto em outras edições.

A integração falha da malha de transporte, onde metrô e VLT não estarão plenamente operacionais em tempo, bem como a completa falta de cumprimento com as metas ambientais dos jogos, comprometerão, de forma indelével, um grande legado que seria entregue à cidade.

As Olimpíadas podem proporcionar melhoras para a capital fluminense, mas não uma revitalização completa como foram os casos de Pequim ou Londres.

APRENDIZADOS PARA EMPRESAS: atenção ao redobrar para a implementação das suas ações no mercado: não adianta deter o melhor produto sem oferecer uma embalagem condicente ou um serviço medíocre.

O grande sucesso de marcas com amplitude global, como Starbucks e McDonald’s, está em replicar, em qualquer ponto do planeta, a mesma experiência de consumo e serviço, destacando-se dos demais e criando uma proposta de valor única.

 

 

FALTA DE AGENDA DE COMUNICAÇÃO

Talvez aqui resida a falha principal do desenvolvimento dos Jogos Olímpicos no Rio: a construção de uma mensagem que parta da organização do evento para os diferentes públicos de interesse: população local, estrangeiros, mercado e palco global.

Poucas ocasiões mobilizam o mundo como a realização das Olimpíadas e da Copa do Mundo.

Por isso, os países se esforçam não somente em realizar ambos os eventos, mas para que eles sejam o canal de comunicação e representação da mensagem que o país ou região almeja transmitir.

Assim foi com a Alemanha, que em 2006 teve em sua Copa o legado de apresentar ao mundo a simpatia da sua nação, sem perder a excelência da sua execução (eles que inventaram a fan fest, por exemplo).

O mesmo se aplica a cidade cosmopolita e aberta ao mundo como Londres e a demonstração de força e protagonismo da China em Pequim (que venceu o quadro de medalhas em um projeto de 20 anos, inclusive).

O Brasil passará por um ciclo único de realização de grandes eventos mundiais sem apresentar um prisma de país sério e profissional, sem perder o bom-humor e a alegria. Um cartão de visitas desperdiçado.

APRENDIZADOS PARA EMPRESAS: é fundamental para qualquer organização ter uma proposta clara de valor e aplicá-la em cada ponto de contato da empresa/marca e seus públicos de interesse, do fornecedor ao funcionário, do site ao relacionamento no PDV com o consumidor final.

Por mais que modelos de negócios demandem planejamento, execução e mudem com os rumos de mercado e economia, o DNA da marca precisa ser simples e perene para ser marcante.

 

Autor: João Gabriel Chebante - Fundador da Chebante Brand Strategy. Formado em Administração com Ênfase em Marketing na ESPM, com especialização em Modelagem de Negócios pela mesma faculdade e Gestão de Marcas (branding) pela FGV. Possui onze anos de experiência em marketing, atuando em inteligência de mercado e gestão de marcas como profissional e como consultor de empresas.

Pubçlicado no portal: www.administradores.com.br

Fonte: Portal: www.administradores.com

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