Economia
quinta, 03 de dezembro de 2020
APÓS MAIOR TOMBO DA HISTÓRIA, PIB DO BRASIL CRESCE 7,7% NO 3º TRIMESTRE
Destaque de recuperação foi a indústria de transformação. Com o resultado, economia do país ainda se encontra no mesmo patamar de 2017, com uma queda acumulada de 5% de janeiro a setembro
Fonte: Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira - G1 / globo.com
Foto: Infográfico G1 / globo.com (fonte IBGE)
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 7,7% no 3º trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, confirmando a saída do país da chamada "recessão técnica", segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 3 de dezembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,7% no terceiro trimestre, na comparação com o segundo trimestre, maior variação desde o início da série em 1996, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia. Com o resultado, a economia do país se encontra no mesmo patamar de 2017, com uma perda acumulada de 5% de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período de 2019", informou o IBGE.
Com o resultado, a economia brasileira reverteu parte das perdas com a fase mais aguda da pandemia de coronavírus, mas a alta foi insuficiente para compensar o colapso do PIB no 1º trimestre (-1,5%) e no 2º trimestre (-9,6%), que mergulhou o país em uma nova crise e provocou um desemprego recorde.
O forte avanço da economia entre os meses de julho e setembro está diretamente relacionado com a base mais fraca de comparação, devido ao tombo histórico registrado entre abril e junho, que foi revisado para uma queda de 9,6%, ante leitura inicial de retração de 9,7%.
O crescimento de 7,7% no 3º trimestre, porém, é o maior já registrado desde que o IBGE iniciou os cálculos do PIB trimestral, em 1996.
Até então, a maior taxa tinha sido a do 3º trimestre de 1996 (4,3%). Em valores correntes, o PIB do segundo trimestre totalizou R$ 1,891 trilhão.
Já em relação ao 3º trimestre de 2019, PIB registrou uma queda de 3,9%, a terceira retração seguida nessa base de comparação.
No acumulado dos quatro trimestres terminados em setembro, houve queda de 3,4% frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Dois trimestres seguidos de queda do nível de atividade (registrados no 1º e 2º trimestres deste ano) representam uma recessão técnica, que foi superada de acordo com os números do IBGE.
Os números do PIB vieram mais fracos do que o esperado.
A expectativa do mercado era de um crescimento de 8,8% em relação ao trimestre anterior, segundo a mediana das estimativas levantadas pelo Valor Econômico junto a consultorias e instituições financeiras.
PRINCIPAIS DESTAQUES DO PIB NO 3º TRIMESTRE
Agropecuária: -0,5%
Indústria: 14,8%
Indústria extrativa: 2,5%
Indústria de transformação: 23,7%
Construção civil: 5,6%
Serviços: 6,3%
Comércio: 15,9%
Consumo das famílias: 7,6%
Consumo do governo: 3,5%
Investimentos: 11%
Exportação: -2,1%
Importação: -9,6%
PIB avança 7,7% entre julho e setembro, diz IBGE
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“Houve uma recuperação no terceiro trimestre, contra o segundo trimestre, mas se olharmos a taxa interanual, a queda é de 3,9% e no acumulado do ano ainda estamos caindo, tanto a indústria quanto os serviços. A agropecuária é a única que está crescendo no ano, muito puxada pela soja, que é a nossa maior lavoura”, destacou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
No acumulado do ano até o 3º trimestre, o PIB caiu 5% em relação a igual período do ano passado.
Nesta comparação, a agropecuária cresceu 2,4%, enquanto a indústria (-5,1%) e os serviços (-5,3%) ainda têm queda.
INDÚSTRIA MANUFATUREIRA E COMÉRCIO SÃO DESTAQUES
A indústria de transformação foi o grande destaque do 3º trimestre, conseguindo voltar ao nível do primeiro trimestre, com um crescimento de 23,7% após tombo de 19,1% no segundo trimestre.
O comércio também mostrou uma recuperação forte ao crescer 15,9%, revertendo a queda de 13,7% no trimestre anterior.
Já o setor de serviços é o que mostrou a recuperação mais lenta, com alta de 6,3%, após tombo de 9,4% no segundo trimestre.
"Mesmo tendo sido retiradas as restrições de funcionamento, as pessoas ainda ficam receosas para consumir, principalmente os serviços prestados às famílias, como alojamento, alimentação, cinemas, academias e salões de beleza”, destacou Rebeca.
Quanto à queda de 0,5% na agricultura, o IBGE citou um ajuste de safra, destacando que o setor ainda registra crescimento no acumulado do ano.
PERSPECTIVAS
O mercado financeiro passou a projetar uma retração de 4,50% para o PIB do Brasil neste ano.
Mesmo com uma retração menor do que a inicialmente imaginada, o resultado de 2020 deverá ser o pior já registrado no país.
Pela série histórica do IBGE, iniciada em 1948, as maiores quedas até aqui foram as de 1981 e 1990, quando houve uma retração de 4,3% em ambos os anos.
ECONOMIA CAMINHA PARA CRESCIMENTO TÍMIDO EM 2021
Para 2021, a previsão atual é de um crescimento 3,45% do PIB.
De acordo com os analistas, mantido o atual cenário, o Brasil só deverá retomar o patamar pré-pandemia a partir de 2022.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE estima um crescimento menor da economia brasileira em 2021, de 2,6%, abaixo da projeção para a média global, de 4,2%.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), por sua vez, projeta um alta de 2,8%, mas alertou esta semana que uma "recuperação robusta e inclusiva" depende do avanço de reformas estruturais" e da sustentabilidade da dívida pública.
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