Felipe Camozzato*
Um país rico e desenvolvido é um país que permite à sua população acesso a grande diversidade de produtos e serviços, e o poder de adquirí-los.
Para isso, o empreendedor exerce papel fundamental no desenvolvimento e oferta deste leque de opções
No Brasil, temos a doce ilusão de sermos "contribuintes", ao passo que o governo nos toma, à força, boa parte do que produzimos, através de altíssima tributação. Do mesmo modo, temos a ilusão de que é o governo o carro-chefe do desenvolvimento do país, e acabamos caindo em contos populistas e promessas utópicas, eleição após eleição.
Enquanto isso acontece, vemos o concurso público como o grande sonho brasileiro, junto da casa própria, talvez.
A história política e econômica mundial pouco nos ensinou, e provavelmente o atraso brasileiro, perante os países desenvolvidos, seja o preço que pagamos por esta ignorância. Ouvimos, desde pequenos, que empresários são exploradores, que precisamos de uma CLT para nos proteger de pessoas egoístas e malvadas, que querem pisar nos trabalhadores e em seus "direitos", entre outras falácias econômicas.
Nunca nos foi ensinado que é possível viver confortavelmente sem salário mínimo, e que existem diversos bons países onde ele inexiste, ou que a estabilidade no emprego público brasileiro é praticamente uma aberração frente ao que outros países praticam. Crescemos acreditando que o Estado é a solução para tudo, e que empreendedores e empresas são apenas parte da equação, quando não os inimigos da sociedade.
Pois bem, estamos em 2016 e o Brasil vive uma forte recessão. A população está engajada politicamente como jamais visto. Aproveitemos e façamos neste tempo a reciclagem das convicções de nossa sociedade.
Entendamos que o Estado não produz absolutamente nada. Um país rico e desenvolvido é um país que permite à sua população acesso a grande diversidade de produtos e serviços, e o poder de adquirí-los. Para isso, o empreendedor exerce papel fundamental no desenvolvimento e oferta deste leque de opções.
O governo, por sua vez, não é capaz de produzir nada e, quando tenta, através de suas estatais, acaba tendo resultados bastante questionáveis (Petrobrás, Correios, Caixa Econômica Federal e outros) ou até mesmo mandando a conta de seus prejuízos e incompetência gerencial à população, através de mais impostos.
A juventude que hoje estuda e que em breve sairá dos colégios e universidades, a procurar uma forma de ganhar a vida, deve ter em mente que as escolhas são basicamente duas: ou opta-se por trabalhar gerando receita, ou opta-se por ser uma despesa aos pagadores de impostos. Não há terceira via. Ou você produz algo de útil para a sociedade para pagar as suas contas, ou alguém pagará para sustentar você.
O Brasil precisa de empreendedores e empresários sérios, criativos, disruptivos. Precisa tanto formar novos criadores de produtos e serviços, criadores de riqueza, como também reconhecer e prestigiar os que já estão nessa árdua tarefa.
Reconhecer e dar mérito a quem verdadeiramente serve à população, com os produtos e serviços que essa necessita, é um passo fundamental para inspirar as novas gerações a quererem ser também agentes de transformação do nosso país.
Precisamos de novos padeiros, de novos fabricantes de roupas, de novos encanadores, eletricistas e vendedores de seguros. Todos competindo para oferecer melhores produtos e serviços, para terem a atenção e a preferência dos consumidores.
É a oferta de mais e diferentes produtos e serviços que dará aos consumidores brasileiros melhores oportunidades de escolha e, consequentemente, melhor qualidade de vida.
E, dadas todas as dificuldades que conhecemos que o Brasil impõe a seus empreendedores, não é nenhum exagero tratar os empreendedores brasileiros como verdadeiros heróis.
A Endeavor tem estudado o perfil empreendedor das cidades brasileiras nos últimos anos. São, então, publicados relatórios das principais cidades do país e seus pontos fortes e fracos, além de feita a indicação de melhorias mais urgentes.
Acesse o relatório, procure a sua cidade e veja como você ou os políticos de sua cidade podem contribuir para que ela se torne uma cidade mais empreendedora (pressione estes políticos para que tomem partido nesta tarefa).
Boa parte dos entraves, acredite, dizem respeito à burocracia, regulação e impostos. Ou seja, pense duas vezes na próxima vez que te falarem que reside no Estado o desenvolvimento do país. A única tarefa que o Estado de fato pode fazer para auxiliar no desenvolvimento é sair da frente e tirar as amarras que prendem o Brasil de ser um país mais rico e desenvolvido.
*Felipe Camozzato é oriundo da Administração da UFRGS, foi aluno de Leandro Vieira (fundador do Administradores.com.br) e embaixador da confederação brasileira de empresas juniores na Europa. Pós-graduado em Liderança Competitiva Global pela Georgetown University (EUA). Atualmente, é gestor no Grupo Eichencorp, holding detentora de três empresas no RS, e Sócio/Gerente Geral na GRE Energias Renováveis, indústria em fase pré-operacional.
Fonte: http://www.administradores.com.br