Inovação

quarta, 03 de abril de 2019

SEM FUNCIONÁRIOS, MERCADO DO FUTURO CHEGA A SÃO PAULO

Inspirada na Amazon Go, de Seatle, nos EUA, loja da Zaitt já está em operação há um ano em Vitória, no Espírito Santo. O acesso pode ser liberado por reconhecimento facial e o pagamento feito pelo celular

 

Fonte: Por Mariana Missiaggia / Diário do Comércio / dcomercio.com.br

Foto: Divulgação

 

O ímpeto inovador que já revolucionou tantos negócios nos últimos anos tenta agora dar um novo arranjo a um modelo de consumo enraizado no varejo brasileiro: a relação entre cliente e atendente.

Seja para tirar uma dúvida, providenciar um produto ou para cobrar uma conta, a figura de um funcionário é mandatória em qualquer estabelecimento comercial. Ou era.

No dia 22 de março, começou a operar, no bairro do Itaim, em São Paulo, a Zaitt, uma loja que funciona 24 horas por dia, sem atendentes, fila, caixas e outros aparatos de um mercado convencional.

Há um ano, o mesmo modelo de ponto de venda já opera em Vitória, no Espírito Santo, e recebe até 2 mil clientes por semana com um tíquete médio de cerca de R$ 30, seguindo os mesmos moldes da Amazon Go, em Seattle.

 

Como Funciona

Câmeras com sensores monitoram cada ação e reconhece quem está no local em tempo real.

O esquema todo é muito simples: o consumidor baixa o aplicativo, recebe um código QR – uma espécie de chave de segurança, o escaneia na porta do mercado e tem sua entrada liberada.

Lá dentro, sem nenhuma intervenção humana, é só escolher os produtos – bebidas, enlatados e itens de consumo rápido – e fazer a leitura dos códigos de barra de cada um deles com a ajuda do celular.

Ao final, o cliente confere a lista, paga e deixa o estabelecimento com suas compras – tudo feito pelo próprio consumidor de forma digital.

Diferentemente do sistema de self checkout, adotado por alguns supermercados, em que a sacola fica sob uma balança que mede e confere o peso dos itens, a Zaitt não possui nenhum sistema de segurança que confirme que o cliente não levou um produto sem registrá-lo.

Um risco previsto pelos empreendedores, que já registraram alguns problemas desse tipo.

“Com ou sem funcionários, sabemos que os roubos fazem parte das perdas do varejo”, diz Rodrigo Miranda, um dos quatro sócios da Zaitt.

De acordo com Miranda, cada delito, como arrombamento de portas ou roubo de mercadoria, é tratado como uma oportunidade para criar mais soluções para evitá-los.

Medidas simples, como reforçar as portas, surtiram bom efeito.

Hoje, numericamente, um mercado comum tem uma taxa de 3% de furtos mensais, enquanto a Zaitt 1,9%, afirma Miranda.

 

Entrada do Cliente Pode Ser Por Reconhecimento Facial

Outra novidade para a loja de São Paulo é a inclusão de reconhecimento facial do cliente, sem a necessidade do uso de celular.

Nesse caso, a compra pode ser paga por meio de RFID, sigla em inglês para sistemas de identificação por radiofrequência, como o utilizado pela empresa Sem Parar, que aplica o modelo em pedágios e estacionamentos, por meio de etiquetas nos veículos.

Dessa forma, o cliente consegue entrar e consumir mesmo que estiver sem o aparelho eletrônico.

 

Tecnologia e Parceria

As prateleiras são conectadas a um software de gestão de estoque para controlar a saída dos produtos e fornecer dados para a reposição adequada – um sensor indica quando algo está com as últimas unidades. E uma equipe repõe semanalmente itens que estejam em falta.

O próximo passo, de acordo com Miranda, será absorver totalmente o conceito de uma smart store.

Para tanto, é preciso que o sistema mande o relatório de reposição diretamente a cada fornecedor.

Em São Paulo, esse suporte logístico e de abastecimento ficou a cargo do Carrefour – a única etapa do negócio que requer trabalho humano.

São cerca de 900 itens de alimentação, higiene e limpeza, além de uma área destinada a vinhos.

A parceria entre a rede de hipermercados e a Zaitt faz parte dos planos de transformação digital do Carrefour no Brasil.

Há poucos meses, a empresa adquiriu a plataforma de conteúdo digital E-Mídia, com o objetivo de se aproximar de startups que capazes de aportar novas tecnologias e soluções inovadoras.

A ausência de um funcionário, como acontece na Zaitt, por exemplo, significa uma economia de até R$ 10 mil mensais para o negócio.

 

Futuro

Para 2019, a expectativa é entender o público paulista e abrir mais uma loja própria.

Os empreendedores não divulgam números sobre investimento e faturamento.

Atualmente, a companhia conta com 13 colaboradores, divididos em gestão de estoque, encomendas a fornecedores e analistas de sistema.

A estratégia é competir com as bandeiras de vizinhança de varejistas como Carrefour e Pão de Açúcar.

“Queremos testar o modelo em um grande mercado consumidor como São Paulo", afirma Miranda. "Nosso público-alvo é o jovem inserido com tecnologias. A estratégia é atraí-los pela praticidade e conveniência, tabelando os preços com base na concorrência, que são os minimercados de grandes marcas”.

Fonte: Diário do Comércio

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