Economia em 2020

quarta, 03 de março de 2021

COM PANDEMIA, PIB DESPENCA 4,1% EM 2020, MAIOR QUEDA DESDE O CONFISCO DE COLLOR

Dados divulgados nesta quarta-feira, 3 de março, pelo IBGE, mostam que resultado vem em linha com a expectativa de mercado e faz país encerrar dezembro com a pior década em 120 anos. No último trimestre, economia avança 3,2%

Fonte: Globo Economia / globo.com / Carolina Nalin

Foto: Infográfico: O Globo

 

A pandemia derrubou o Produto Interno Brasileiro (PIB) em 2020, levando o país a enfrentar a mais profunda recessão em décadas. A economia encolheu 4,1%, segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 3 de março, pelo IBGE, a maior queda desde 1990, quando houve o confisco do presidente Fernando Collor de Mello.

Naquele ano, o PIB brasileiro desabou 4,35%.

O desempenho do ano passado veio em linha com as expectativas de mercado, que projetava queda de 4,20%.

O resultado de 2020 também leva o país a um desastre econômico mais grave que o vivenciado na década de 1980, a chamada década perdida, quando estagnação e hiperinflação faziam parte do cotidiano dos brasileiros.

Segundo estimativas do Ibre-FGV, a economia cresceu 0,3% ao ano na década encerrada em 2020, desempenho pior que o registrado nos anos 1980, quando avançou 1,6% anualmente.

Com isso, a última década foi a pior em 120 anos.

A série histórica do IBGE, pela atual metodologia do instituto, teve início em 1996. Mas estatísticas do Ipea e da FGV trazem dados para o PIB desde 1901.

Com tamanho tombo da economia e elevado desemprego, a renda per capita foi a menor da História em 2020. Ficou em R$ 35.172, baixa de 4,8% em relação a 2019.

 

SERVIÇOS TÊM FORTE QUEDA COM PANDEMIA

Segundo o IBGE, o setor de serviços encolheu 4,5% e a indústria, 3,5% no ano passado. Somados, esses dois setores representam 95% da economia nacional.

Por outro lado, a agropecuária foi o único setor, sob a ótica da produção, que cresceu. O avanço foi de 2%, puxado pelas safras recordes de soja e de café.

O fechamento de hotéis, academias e restaurantes, devido às medidas necessários de distanciamento social para conter o avanço da pandemia, explicam os números negativos do setor de serviços.

"Mesmo quando começou a flexibilização do distanciamento social, muitas pessoas permaneceram receosas de consumir, principalmente os serviços que podem provocar aglomeração", analisa a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

 

CONSUMO DO GOVERNO CAI COM ESCOLAS FECHADAS

Até os gastos do governo, que costumam ter variações menores em momentos de crise econômica profunda, tiveram um forte tombo no ano passado, de 4,7%.

Isso reflete o fechamento de escolas e demais serviços públicos, como parques e museus.

Na indústria, o segmento de construção civil foi o mais fortemente afetado.

Apesar do recorde de financiamento com recursos da poupança para compra da casa própria no ano passado, a construção civil desabou 7% em 2020, influenciada, segundo o IBGE, principalmente pelas obras de infraestrutura, normalmente a cargo do governo.

 

PETRÓLEO EVITA QUEDA MAIOR NA INDÚSTRIA

A indústria da transformação recuou 4,3%, principalmente devido à queda na produção de veículos.

Já a chamada indústria extrativa avançou 1,3%, com alta na produção de petróleo e gás, que compensou a queda da extração de minério de ferro.

Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) caíram 0,8%, encerrando uma sequência de dois anos positivos.

Pelo lado da demanda, todos os componentes recuaram em 2020, na comparação com o ano anterior.

O consumo das famílias caiu 5,5%, o pior resultado da série histórica do IBGE, iniciada em 1996.

 

PERDA DE FÔLEGO NO 4º TRIMESTRE

Ao longo do ano, o PIB despencou no segundo trimestre, quando as restrições à circulação foram mais rígidas. Os três meses seguintes apontaram para uma recuperação, ainda que lenta.

No quarto trimestre, porém, a economia voltou a perder fôlego. O PIB cresceu 3,2% entre outubro e dezembro. A mediana das expectativas do mercado era de alta de 2,8%.

O país até teve certo dinamismo no último trimestre, fruto do arrefecimento da Covid-19 a partir de setembro, o que permitiu o afrouxamento das medidas de distanciamento social.

No entanto, o recrudescimento da doença nos meses seguintes e a redução do valor do auxílio emergencial fizeram a atividade econômica perder força e o ritmo de recuperação desacelerar.

 

PROJEÇÃO DE QUEDA NO 1º TRIMESTRE

O ritmo lento de vacinação por conta da falta de vacinas, o fim do auxílio emergencial a partir de janeiro e sem a definição de um novo programa, além da preocupação com o endividamento público têm levado analistas a estimarem uma queda no PIB no primeiro trimestre de 2021.

A Tendências projeta um pequeno crescimento do PIB no primeiro trimestre, seguido de uma leve queda no segundo.

Mas a consultoria não descarta a possibilidade de um cenário com duas quedas consecutivas do PIB no ano, levando o país de volta à chamada recessão técnica:

“Viemos de dois trimestres positivos. Então, a base de comparação é mais elevada, e a ressaca do fim dos auxílios e a piora da pandemia sugerem um contexto de acomodação da atividade, o que pode acabar resultando em dois trimestres de pequena perda do PIB. É um risco bastante presente que está no radar”, aponta Silvio Campos Neto, economista da consultoria.

Fonte: G1 Globo Economia

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