Transporte
quinta, 07 de fevereiro de 2019
PESQUISA DA CNT REVELA O PERFIL DOS CAMINHONEIROS DO BRASIL
Movimento de caminhões pela Aduana de Dionísio Cerqueira/Barracão/Bernardo de Irigoyen
Pesquisa traz dados sobre a rotina, o mercado de trabalho, as dificuldades e as principais demandas desses trabalhadores
Luiz Carlos Gnoatto – Jornalista MTb/PR 9910 / Fonte: Confederação Nacional do Transporte – CNT
Foto: Movimento de caminhões pela Aduana de Dionísio Cerqueira/Barracão/Bernardo de Irigoyen (crédito: JBC Real Color)
Esta região de fronteira é marcada pelo alto número de profissionais caminhoneiros, tanto autônomos, quanto funcionários de transportadoras e de empresas de diferentes setores.
Esta presença significativa se deve, principalmente, por ter, em Dionísio Cerqueira, uma Aduana Internacional de Cargas, que é a única Aduana que liga Santa Catarina aos países do Mercosul e à América do Sul.
Em razão disso, nas cidades trigêmeas, Dionísio Cerqueira/SC, Barracão/PR e Bernardo de Irigoyen/AR estão instaladas muitas empresas de importação e exportação, além de transportadoras e de escritórios de despachos aduaneiros.
Propósito
Mas quem são os caminhoneiros do Brasil? Quais são as dificuldades enfrentadas por eles no dia a dia de trabalho? Quais os principais entraves e demandas da profissão?
Para responder a essas, e a uma série de outras perguntas, a Confederação Nacional do Transporte - CNT divulgou, em 16 de janeiro passado, a 7ª Pesquisa CNT Perfil dos Caminhoneiros.
O objetivo da pesquisa é conhecer melhor a rotina, os problemas e as reivindicações desses profissionais.
A CNT considera importantes esses dados, para que o trabalho da Confederação alcance resultados mais efetivos.
Os dados levantados pela pesquisa também são essenciais para o Serviço Social do Transporte – SEST, e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - SENAT, pois são órgãos que, há 25 anos, capacitam e cuidam da saúde dos caminhoneiros em todo o país.
Pesquisa
O levantamento dos dados foi feito entre os dias 28 de agosto e 21 de setembro do ano passado.
Foram entrevistados mais de mil profissionais, em todo o Brasil, dos quais, 714 caminhoneiros autônomos e 352 empregados de frota.
Principais Dados Coletados
Perfil
O mercado de trabalho dos caminhoneiros é essencialmente masculino.
A pesquisa da CNT revela que 99,5% desses profissionais são homens e a média de idade deles é de 44,8 anos.
Além disso, eles ganham, em média, R$ 4.600,00 por mês.
Em média, os caminhoneiros brasileiros já estão trabalhando há 18,8 anos na profissão.
Outro dado relevante é que os caminhões utilizados por eles têm, em média, 15,2 anos.
No universo dos autônomos, 47% adquiriram seus veículos por meio de financiamento.
Os caminhoneiros também estão cada vez mais conectados e preocupados com a saúde: 87,7% usam a internet e 42,6% procuram profissionais de saúde para prevenção.
Rotina
A pesquisa mostrou que os caminhoneiros trabalham, em média, 11,5 horas por dia.
A rotina dos caminhoneiros é intensa. Eles chegam a rodar mais de 9 mil quilômetros por mês, a trabalhar 11,5 horas por dia e 5,7 dias por semana.
Mercado
Sobre o mercado, a pesquisa revelou que 62,9% desses profissionais consideram que a demanda pelos serviços reduziu em 2018.
Cotidiano
Entre os pontos negativos da profissão, os caminhoneiros citaram o fato de ela ser perigosa e insegura (65,1%); desgastante (31,4%) e de o convívio familiar estar comprometido (28,9%).
Mesmo assim, os profissionais ainda relatam vários pontos positivos no trabalho, como conhecer cidades e países (37,1%), ter a possibilidade de conhecer pessoas (31,3%) e possuir o horário flexível (27,5%).
Problemas
Os assaltos e roubos são a maior dificuldade encontrada por 64,6% dos caminhoneiros entrevistados pela CNT.
Cerca de 7% deles relataram que já tiveram o veículo roubado pelo menos uma vez nos últimos dois anos.
Além disso, 49,5% desses profissionais já recusaram viagens por conta do risco de roubo e assalto durante o trajeto.
O custo do combustível aparece como o segundo maior entrave vivenciado pelos motoristas (35,9%).
Os trabalhadores também destacam como ameaças à profissão, no futuro, o baixo ganho (50,4%).
Eles também citaram a baixa qualidade da infraestrutura (20,9%) e a ausência de qualificação profissional adequada (15,6%).
Reivindicações
A queda no preço dos combustíveis continua sendo a maior reivindicação dos caminhoneiros.
No total, 51,3% considera essa a maior demanda da categoria.
Em segundo lugar, está a necessidade de mais segurança nas rodovias (38,3%), seguida de financiamentos oficiais, a juros mais baixos, para a compra de veículos (27,4%) e do aumento do valor do frete (26,2%).
Paralisação
A maioria dos caminhoneiros de todo o país (65,3%) participou da paralisação de maio de 2018.
Segundo os dados da Confederação, 64,4% deles foram informados sobre a greve via WhatsApp.
Outras informações relevantes: 74,7% dos profissionais conheciam a pauta em questão, e 56% não ficaram satisfeitos com as conquistas da paralisação.
Saúde
42,6% dos caminhoneiros procuram profissionais de saúde para prevenção;
19,6% só procuram quando os sintomas da doença se agravam;
13,2% não costumam procurar profissionais de saúde;
85,3% do total de caminhoneiros não possui plano odontológico.
Internet
98% utilizam o celular ou smartphone com frequência, para acessar a internet.
Acidentes
13% do total de caminhoneiros entrevistados se envolveram, em pelo menos um acidente, nos últimos dois anos.
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